sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Éramos felizes e não sabiamos?

Por Milton Ferretti Jung



“Éramos felizes e não sabíamos”. Ouve-se seguidamente essa frase. Quem ainda não a escutou? Ela serve para lembrar, com prazer, o passado, nem sempre se referindo ao que as pessoas viveram. Outro dia, por exemplo – socorre-me o Google – um diretor da Rede Globo disse que os radiodifusores sentem saudade do tempo em que não havia a ameaça das novas mídias em seu modelo de negócios.
Normalmente, porém, quem pronuncia a frase é gente que vivenciou na sua infância momentos inesquecíveis, comparando-os com a realidade dos dias de hoje.

Permitam-me que regresse aos meus oito anos ou pouco mais que isso. Minha família morava diante de uma pracinha. Essa não passava de um triângulo situado no encontro de duas ruas. A prefeitura tentou em vão transformá-la numa praça de verdade, mas nós, seus usuários, nunca permitimos porque acabaria com nossos improvisados jogos de futebol, basquete, vôlei e outras brincadeiras. Na minha rua havia também muitos terrenos baldios, os quais, às vezes ,serviam para que uma turma maior participasse de “peladas”, eis que o chão da pracinha era não só inclinado como sem um mínimo de grama.

O tempo foi passando, a pracinha permaneceu incólume. Os terrenos baldios acabaram. Em seu lugar surgiram casas. Os guris cresceram, casaram, tiveram filhos, alguns edifícios substituíram as casas mais velhas. Ainda sobraram os que, na juventude,fundaram um clubezinho – o Tijuca – que congrega parte da turma antiga em jantares de confraternização.
Meus filhos, quando visitavam seus avós, que nunca se mudaram, chegaram a conhecer a pracinha. Meus netos, porém, nunca passaram sequer perto da residência avoenga. Eles estão noutra. Brincam,hoje,como muitas crianças da idade dele, com computadores,iPod,iPad,Nintendo,Play Station, etc.

O Fernando, mais moço da turminha, filho do Christian e da Lúcia, irmão da Vitória, possui até um blog e está tentando ensinar a tia Jacque a criar o dela. Gregório e Lorenzo, filhos do Mílton e da Abigail, desde menininhos lidam melhor com computadores que muita gente grande. Eu jogo somente Tetris no PC. E olhe lá.

Quando paro para pensar, volta e meia me ocorre a frase com a qual iniciei este texto e me pergunto quem teria mais razão para usá-la: eu, meus filhos ou meus netos? Responda quem se achar capaz.

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista, trabalha na Rádio Guaíba de Porto Alegre e é meu pai. Às quintas, escreve no Blog do Mílton Jung (meu irmão)

3 comentários:

  1. Grande Milton Ferretti Jung, para mim Homem GOl Gol Gol..., conforme comentário a um Post passado. Fico surpreso e feliz, Homem Gol Gol Gol além de ser um dos melhores narradores esportivo do nosso Radio, que eu escutei, tem o dom de escrever.
    Minha resposta da frase perguntada do Post.
    ¨Somos Felizes e não sabemos¨.

    Um forte abraço.

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  2. Eu que não sou tão antigo assim, me recordo de coisas da minha infância q hj não existe mais e fico pensado como a gente era feliz e não sabia... vejo hj meus sobrinhos q passam um dia todo na frente de um computador e acham isso tão legal... e então fico me perguntado se eles são tão felizes como eu era na minha infância...
    Abraço

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  3. Ora "seu Milton", a resposta é simples. Tenho pena dessa gurizada que se criou escutando o Galvão Bueno na TV e não teve a oportunidade de te escutar na rádio Guaiba. Um show que com certeza fez escola. Quem tem que dizer que era feliz e não sabia, somos nos da geração mais antiga. Um grande abraço. Márcio.

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