quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Com uma Kombi atrás da Seleção Brasileira!

Por Milton Ferretti Jung

 Christian, meu filho caçula, é apaixonado por fusca.
 Lançou, faz já algum tempo, um blog ao qual deu o nome de MacFuca.
O seu primeiro carro, por sinal, foi um Volkswagen, presente do avô dele,meu pai.

 Esse, por sua vez, depois de dirigir um Citroën por cerca de 20 anos, aceitou sugestão minha  comprar aquele que foi o primeiro de uma série de Fuscas.
O último  um 79 acabou nas mãos do Christian, que o vendeu quando se tornou dispendioso.
Sua paixão, porém, levou-o a adquirir um 1976, carro que parece ter saído hoje de uma concessionária, tamanho são os cuidados que lhe são dedicados por seu dono.

Fiz esse introito porque, na semana passada, o meu caçula, no seu blog, escreveu um texto em que lembrou a Kombi e a ameaça que pesa sobre ela de ser retirada do mercado, embora a fábrica venha protelando tal decisão.
Ao lê-lo, lembrei-me, com saudade, dos meus primeiros anos de Rádio Guaíba e da minha ligação com a Kombi ,cujo nome vem do alemão Kombinationsfahrzeug, isto é, veículo combinado.
Nas primeiras vezes em que fui ao interior do Rio Grande do Sul para narrar jogos do campeonato gaúcho, a equipe esportiva da Emissora viajava de jipe.
Em um certo domingo, porém,um desses veículos da frota da Caldas Jr., em viagem para Pelotas, por força de o asfalto da estrada estar molhado por uma garoa ,capotou. Vários de seus ocupantes ficaram feridos, mas apenas um  Jaime Eduardo Machado  precisou ser hospitalizado.
Os jipes deixaram, então, de transportar os narradores, comentaristas e repórteres.
Em troca,passou-se a viajar de Kombi, a multiúso da VW, no mercado alemão desde 1950 e que chegou ao Brasil em 1953, montada aqui pela Brasmotor.
A partir de 1957 foi produzida em São Bernardo. As Kombi da Empresa Jornalística Caldas Jr., proprietária da Rádio e, mais tarde,da TV Guaíba, eram entregues aos integrantes da equipe esportiva.
Na direção de uma delas,cansei de viajar por estradas de chão batido.
Bagé,sede do Guarani e do Grêmio Bagé, era uma desse tipo.
Quando chovia, se tornava, para minha alegria, escorregadia.
Em 1966, dois técnicos de áudio,um repórter e “este narrador que vos fala”, saíram de Porto Alegre,de Kombi, para acompanhar a seleção brasileira em seus jogos-treinos por estâncias hidrominerais  Lambari, Caxambu  e em Teresópolis, depois em Macaé e Niterói. Ante disso, quando Jorge Alberto Mendes Ribeiro era diretor de broadcasting e do esporte ,fomos de Kombi até Águas de Lindóia.
Na cobertura da seleção, que se preparava para a Copa do Mundo de 66, permanecemos 45 dias, mudando a todo instante de cidade. Em cada uma, os técnicos de áudio precisavam providenciar a aquisição de dois postes de madeira para que pudessem estender um cabo de uma a outra ponta e, no meio dele, outro fio que se ligava ao transmissor de SSB – Single Side Band.

Este, em nossos deslocamentos,ocupava o espaço normalmente destinado ao segundo banco da Kombi.
Era muito pesado e exigia que outro técnicos, em Porto Alegre, manuseasse carinhosamente o botão de sintonia do receptor,única maneira de o som da Guaíba chegasse limpo aos ouvintes.
Em todas as viagens de Kombi os integrantes da equipe, possuidores de habilitação para tal,assumiam a pilotagem, em revezamento, de 100 em 100 quilômetros.
Confesso que eu esperava ansioso por esse momento.
Como tudo é tão diferente quando se é jovem.

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do meu irmão Mílton Jung.

Um comentário:

  1. Obrigado pela divulgação do meu despretencioso texto. Esse ficou valorizado pelas ilustrações ppostadas por ti. Valeu!!!Achei muito interessantes as camisetas que lembram cada encontro de vocês.

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