quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Um sapato no Castelo de Heidelberg

Ser avaliado constantemente no seu dia a dia é algo que não me faz um ser tranqüilo.
Digo isso porque eu mesmo me avalio constantemente e vou dizer uma coisa os resultados na sua maioria não seriam publicáveis. Ao menos não me trariam muitos benefícios.
Bom mas isso é eu e meus botões.
Sorte, diga-se de passagem.


De mais faço de um tudo para que os que me analisam tenham de mim uma nota considerável que me mantenha ao menos no lugar aonde cheguei. Tento ser o máximo correto possível ainda que o pensamento traia de minuto a minuto. Porém dignifico o meu DNA a cada momento que abro a boca e faço que através da passagem do ar pelas minhas pregas vocais o som da minha voz ecoe pelas paredes de um Palácio.

Na verdade saber de estar sempre em avaliação como se os que te observam sejam parentes de Deus é algo que pelo tempo que trabalho e sei como funciona o sistema, já me acostumei.
Ainda assim ver os colegas também o ser, me gera um como o nosso gaúcho Paixão Cortes diria, "nó nas tripa".
Quero aqui ficar com os meus a volta para dividir não só as responsabilidades, mas a certeza da risada ao final da piada. Dividir a pizza ao meio dia onde o sabor não importa, mas a companhia.
Dividir as alegrias e tristezas que nos cercam mesmo que fizéssemos dela um casulo.

Basta levantar da cama e a máquina começa a girar.
Aceitar o sistema como ele é faz parte de sobreviver e amadurecer tentando se manter o máximo possível de digamos assim "Feliz!".
Mas confesso que é preciso sim ficar muito puto com algumas coisas, para que não nos tornemos seres iguais a estes que não aceitamos.
É a vida e sua balança. Não adianta querer deixar ela sempre com o peso equilibrado.
Todo o dia ela pende para um lado. Bom ou ruim.

E aja Coração.

Dentro desta breve explicação que alguns devem estar perguntando se eu não esqueci de nenhum remédio hoje é que traço este paralelo entre minha vida e o titulo do post " Um sapato no Castelo de Heidelberg".

Heidelberg é uma cidade medieval da Alemanhã conhecida dentre tantas atrações pela sua universidade que leva o mesmo nome, famosa na área da Medicina.
Lá existe o Castelo de Heidelberg moradia onde viviam os chamados Palatinos, uma espécie de governador da época com poderes executivos e judiciários sobre aquela região.
“Imagina se a moda pega”.
Resistindo ao tempo, as guerras, invasões e destruições, mesmo em ruínas ele é o grande atrativo daquela região.
Situado em lugar privilegiado onde os poderosos tinham uma visão ampla da cidade podiam ainda ter o controle das embarcações no rio Neckar.
Muito bem, para visitar o maravilhoso Castelo é preciso que se pegue um teleférico para subir se não quiser enfrentar a exaustiva caminhada até o ponto alto da montanha.

Agora estamos chegando onde queria.

Contado por um grande amigo que já viajou o mundo e transformaria esse blog em um livro de contos, em uma ocasião teve a oportunidade acompanhado de um também amigo que falava alemão, de visitar a tão atrativa cidade.
Ficaram lá hospedados em hotel onde da janela a noite podia se avistar a beleza do castelo que surgia iluminado.

Dia seguinte expectativa a prova encaminham-se para o teleférico em busca das belezas daquela obra arquitetônica. Dentro do respectivo teleférico, que não soube explicar o porque, tinha uma espécie de ralo que deveria ter em torno de 10 cm de diâmetro, resolveu cruzar as pernas enquanto aguardava a subida. No mesmo momento em que faz o cruzar de pernas o sapato do pé se lança ao alto e cai imaginem aonde, justamente do respectivo buraco.

Aos que subiam junto para o passeio o ar de supressa e talvez de graça e do seu amigo a pergunta do porque tinha arremessado o sapato no buraco. Situação inusitada, engraçada e desesperadora. Evidente que ninguém em sua sã consciência arremessaria o sapato no buraco justo em um momento destes justo em Heidelberg.

Podem imaginar. Fazer a visita ao castelo em uma cidade como Heidelberg em que você espera o momento de estar no Castelo Medieval, calçando um só pé do sapato.

Dito por ele a partir daquele momento nada mais tinha razão de ser senão o fato de retornar com o teleférico e rezar para que o tal sapato estivesse salvo mesmo caindo sabe-se lá aonde.
Tirar os dois foi à sugestão, que cá pra nós pra quem tem um pouco de bom senso com um ou sem os dois não tornaria a visita algo de se prestar muito à atenção.
Retornando a base da montanha o problema agora era explicar para os controladores o motivo que fez com que o sapato fizesse o sentido contrário da viajem, além do mais em alemão.
A primeira idéia dos controladores era porque tal sujeito fez isso?
Bom resultado que depois de um tempo até aguardar que o fiscal fosse as profundezas do inferno para buscar o tão solitário pé de sapato a visita já tinha acontecido.

Depois deste breve conto talvez então consiga chegar ao que me referia no início deste post.
Das coisas boas que acontecem na nossa vida e que temos de agradecer sim me parece que nunca consigo aproveitar na plenitude.
Sinto-me travado, amarrado aos fatos e suas decorrências.
Sou um cara de muitas risadas apesar de que no tipo de trabalho que desenvolvo sou visto como um cara solene, sério que não quebro o protocolo.
Mal sabem que os quebro a cada minuto.
E desta maneira assim de ir se levando a vida é que traço esse paralelo entre a total alegria cotidiana e o sapato perdido.

Sou feliz sim e aproveito como posso, mas nunca consigo perder a sensação que estou prestes a visitar uma linda obra da humanidade porém com esse sentimento.
De estar apenas com "Um sapato no Castelo de Heidelberg".

4 comentários:

  1. O problema Cristian, é que quando nos avaliamos, e somos pessoas equilibradas e quem desejam crescer, o fazemos com a determinação de melhorar, corrigir erros de trajetória. O triste é quando somos avaliados por baixo, pela régua rasa da mediocridade e aí, mesmo que nos estrebuchemos para fazer sempre melhor, haverá alguém a nos diminuir, ou tentar... Nós que somos do bem, gente que ama o que faz e respeita quem nos cerca, sempre superamos esses percalços. Com vantagem, embora o cansaço...
    parabéns pelo texto!

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  2. Mi mui(mimui é mt sonoro né)prezado compañero Pajarito, sei exatamento como t sentes meu bom amigo. Nossa alma tem uma certa tendencia à melancolia. Isso é completamente humano. Senti-me assim (por exemplo,agora) na maior parte da minha existencia nesse planetinha. Como tu disseste com mta propriedade (o que tb é frequente),nos adaptamos camaleonicamente as folhagens e seguimos vivendo. O interessante é q por mais "fu" q estejamos, sempre existirá um "pajarito" que pousará em algum galho proximo e com seu canto tornará nossa vidinha menos amarga. Grande abraço. E tenho dito. João Bomfim

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  3. AMIGO CHRISTIAN!
    ACREDITO QUE SEMPRE HAVERÁ ALGUEM A NOS TESTAR OU A VIGIAR; MAS SEMPRE SEREMOS LEMBRADOS OU PELA NOSSA CRIATIVIDADE, ALEGRIA OU PRINCIPALMENTE PELA NOSSA "ALMA".
    UM GRANDE ABRAÇO DO IRMÃO MILTON.

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  4. Amigo querido. Teu post me pegou em momento de balança desequilibrada. Na verdade, meu natural desequilibrio me faz parecer perante os demais, como uma mulher equilibrada. Mas cá com meus botões....!!! Deixa pra lá,já é outro papo. Avaliar e ser avaliado, cotidianamente, cansa por demais. Então, prefiro ficar comigo mesma,com minha própria avaliação. Invisto em ter e ser consciênte de mim mesma. O resto são circustâncias. Já te disse hoje, que te adoro? Beijos

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