segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Brucutu e a Jovem Guarda

Texto gentilmente enviado pelo amigo Reynaldo Rodrigues

Tudo começou na

 
... que estreou em 22 de agosto de 1965, através do programa televiso institulado “Jovem Guarda”, que se tornou muito popular, exibido na TV Record, nos anos de 1965 a 1968. Os apresentadores eram o então principiante, mas já famoso Roberto Carlos, o "Brasa" e depois "Rei da Jovem Guarda", Erasmo Carlos, o "Tremendão", e Wanderléa, a "Ternurinha".
O programa Jovem Guarda foi criado para preencher o vazio na programação da emissora nas tardes de domingo devido à proibição de se exibir ao vivo os jogos de futebol do campeonato paulista. Surgiu a ideia de contratar Roberto Carlos e Celly Campello (Carlos Manga era um dos 3 diretores) - que estava afastada da carreira desde 1962, quando casou – para apresentá-lo. Diante da recusa da cantora de retornar a vida artística, a Record escolheu Erasmo Carlos e Wanderléa para dividirem o palco com Roberto Carlos, apresentador oficial do programa. Afinal, o trio fazia muito sucesso na época, antes mesmo de o programa ir ao ar.
O elenco do programa era composto pelas bandas de rock brasileiras, como Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys, Os Vips, Trio Esperança, Pholias, The Fevers, The Jordans, Os Incríveis, The Jet Blacks, The Brazilian Bitles, e cantores como Martinha, Jerry Adriani, Leno e Lílian, Vanusa, Kátia Cilene, Waldirene, Enza Flori, Wanderley Cardoso, Demétrius, Ronnie Von, Deny e Dino, entre muitos outros.
Em apenas três meses, o programa atingia audiência de 3 milhões de pessoas, apenas em São Paulo. A atração televisiva passou a ser transmitida do Teatro Paramount, na Rua da Consolação, ao vivo para São Paulo, e em tape para o Rio e Belo Horizonte. Infelizmente, devido aos incêndios nas instalações da emissora, os tapes da Jovem Guarda foram destruídos
Durante muito tempo, o programa foi o líder de audiência das "jovens tardes de domingo", como diz a letra da canção Jovens Tardes de Domingo, de Roberto Carlos. Mas, a partir do fim de 1967, a audiência começou a cair, provavelmente por superexposição dos artistas, que compareciam a todos os programas para ganhar um salário maior. A disseminação do rock levou a que os artistas que se apresentavam no programa fossem depreciados, acusados de alienados e americanizados, por uma parte do público que preferia as canções dos festivais e depois a Tropicália. Entre os artistas não havia problemas, Roberto Carlos e Caetano Veloso cantavam as músicas um dos outro e Elis Regina gravou Erasmo Carlos. Mas isso não foi suficiente para evitar o fim do programa.
A partir de 1967, com o surgimento do Tropicalismo, o programa começou a perder força. No dia 17 de janeiro de 1968, Roberto Carlos abandonou o comando e passa a ter uma atração própria (“Todos os jovens do mundo”) na Record. Até que em junho de 1968 foi levado ao ar o último Jovem Guarda. Erasmo e Wanderléa também ganharam um programa (Tremendão e Ternurinha), exibido até o final do ano.

Os ídolos do programa passaram a ditar moda entre os jovens. As gírias de Roberto Carlos também conquistaram a garotada e produtos com a marca Calhambeque, Ternurinha e Tremendão foram sucesso de vendas.
Coleciono peças de Volkswagen a ar das décadas 50 e 60. Tenho uma pequena coleção de brucutus, porém de grande valor histórico, porque no Brasil o fusca foi o primeiro carro a ter esguicho de água no pára-brisa, e também foi um item que saia de fábrica e tornou-se acessório da moda, tornando-se uma febre entre os jovens e um pesadelo para os donos de fusca.

 B R U C U T U

Brucutu foi uma canção com autoria de Dallas Franzier (institulada Alley-Oop no original), cuja versão para o português de Rossini Pinto, foi gravada por Roberto Carlos em 1965.

Também deriva de um personagem dos quadrinhos, uma figura do tempo das cavernas que aparecia nas tirinhas de um jornal norte-americano, cuja publicação remonta a 1933. Ficou famoso aqui no Brasil justamente por causa da música do “Rei”.

Esta peça na versão automobilística tem como o auto-explicativo nome técnico de bico ejetor de água do pára-brisa (VW).

Na “Jovem Guarda “Roberto Carlos arrumava seu microfone” e seus dedos exibiam anéis de ouro e jade “estilo” Brucutu”.





Um simples acessório que virou febre entre os jovens da época, que costumavam roubar a capa metálica cromada, para depois transformá-la em anel,   porque  lhes  conferia um status de ser tão
bruto quanto o personagem dos quadrinhos que o inspirou o apelido: Brucutu.


Alguns antigos contam ainda que o adereço era usado em brigas.



Estes esguichos que eram conhecidos também por carcará, cabeça-de-peixe, gota, dependendo da região. A Volkswagen possuía esta peça como equipamento de série dos carros nacionais, nos anos de 1965 a 1969, dependia do lote vinha até com o modelo menos conhecido o sextavado. Equipavam também o Puma, Karmanguia e até alguns modelos de outras marcas, tais como: pick-up F75, Rural etc.

Os jovens na época não só usavam como anel mas, também como colarzinho de brucutu para as garotas, que também furtavam a tal peça, também utilizaram em prendedores de gravata.



Desta forma, 90% dos Fuscas não tinham mais brucutu, que também encontrava-se em falta no mercado de auto-peças. Este adorno era para os donos de fuscas um verdadeiro pesadelo. A procura foi tão grande que as duas fornecedoras (Becker do Brasil e a Polimatic) deste equipamento à Volkswagen tiveram que equipar e ajudar outras duas fábricas (Trimol e a Impa) para produzir o bico ejetor, pois não conseguiam suprir o mercado na velocidade necessária para atender à demanda.

Chegou-se a criar uma divisão especial na polícia antifurtos especializada, tal o número de ocorrências nas cidades. O volume deste delito atingiu 50 milhões (provavelmente de cruzeiros) apenas na capital paulista. O problema é que a maioria dos infratores eram menores e meninas. Isto fazia uma enorme diferença em meados de 1966, chocava a sociedade.

Com a moda, o brucutu quase desapareceu, tornando-se artigo de colecionador. Encontrar um brucutu foi uma tarefa quase que impossível. A moda dos brucutus na verdade só serviu mesmo para fazer dessas peças verdadeiras relíquias.


2 comentários:

  1. Eu, na minha família, tenho primas que eram moças nessa época e hoje já estão na casa de seus 70 anos, mas que ainda hoje veneram essa época.

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  2. Pardo, avisa suas primas que neste mês na Revista Fusca & Cia saiu uma matéria sobre o assunto.

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