quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Medida do Tempo!




VOCÊ JÁ DEVE TER SE PERGUNTADO ONDE AFINAL FORAM PARAR OS SEUS DENTES DA INFÂNCIA.  

Claro isso já faz um bom tempo! Lembrei disso porque hoje abri a minha caixa de abotoaduras (sim eu adoro abotoaduras) e encontrei alguns pequeninos dentes do meu filho guardados ali.
Lembro do meu tempo de criança sempre que perdíamos um dente a mãe ou o pai pediam para colocá-lo na janela do banheiro porque à noite a “formiguinha” passava lá, carregava o dente embora e deixava em troca alguns “cruzeiros”.
Da geração dos meus filhos a mentirinha, essa que serve para acalmar os pequenos corações solitários, transformou-se em “Fadinha dos Dentes”, e como a formiguinha também deixava alguns trocados. Só que no lugar da janela, deixava  em baixo do travesseiro.
Já com tamanho para acreditar na inexistência da tal fada, mas ainda assim contando com os reais ao amanhecer, meu filho quando tinha 9 anos certa feita levanta pela manhã e pelo terceiro dia seguido não recebia nada em troca e acordara com o dente ali ao seu lado. Indignado com o fato e ao mesmo tempo compreendendo que tudo aquilo era uma fantasia exclama a portas fechadas sem saber que escutávamos no quarto ao lado o seguinte comentário: Fadinha de Merda!

É! É a medida do tempo.

Medida essa que não adianta ser contada com antecedência. Medida que vem ao longo dos acontecimentos e que não precisam ser desmascaradas por ninguém, são amadurecidas dentro do nosso nível de maturidade que vem com o tempo.
Naquele momento da exclamação raivosa se explodia no espaço a tal lenda. 
Foi-se a Fadinha e pior, a merda ainda.
Coitada mesmo sem nunca ter existido.
De pequeno, mas nem tão criança tenho a lembrança de meu Pai chegando em casa depois do dia de trabalho e após  o jantar, sentar-se no sofá com um dicionário gigante no colo, que me cansava só de olhar, para fazer as palavras cruzadas do Correio do Povo. 
Do tempo que o Mário Quintana ainda caminhava pela Rua da Praia com uma sacola na mão.
“Tenho o tal dicionário até hoje e com uma palavra cruzada destas guardada lá dentro.”
Procurava as palavras pacientemente até a cabeça cair e se apoiar sobre o peito deixando que o cansaço lhe afunda-se em um sono profundo que nós quando crianças não percebemos, envolvidos em um tempo que parece curto para se fazer tudo que queremos.

É! É a medida do tempo.

Hoje me pego afundando em um sono pesado ao final do dia, algumas vezes procurando uma solução melhor para o dia seguinte tendo a perfeita consciência que amanhã estará tudo igual, mas com algumas horas de descanso ao menos que me concedam justiça ao meu esforço em tentar mudar a situação.
Talvez meu filho que já não acredita mais na tal fadinha não compreenda direito ainda esse estado de cansaço que os adultos parecem se submeter. Afinal as preocupações são pertinentes a idade de cada um.
E que bom.

É! É a medida do tempo.

E à medida que o tempo vai passando, e passa rápido demais quando medimos na nossa régua, os milímetros vão virando centímetros e logo metros e dias e meses e anos a fio.
A medida do tempo deixa uma kilometragem gigantesca atrás de nós.
É nessa visão acomodada que devemos cuidar muito para não cair e ficarmos desesperados por não ver o final da régua.
A medida que ainda temos pra viver, as medidas que ainda temos para tomar para nos afastarmos do fim desta matemática virtual, desta consciência do fim que só lembramos quando alguém da mesma idade ou mais novo que nós termina de contar antes da hora.
Mas afinal que hora? Que medida é essa?
É! É a medida do tempo! A medida que o Universo já calculou para nós e que nunca saberemos ao certo a não ser quando chegar ao fim.
A medida que a “Fada” não leva mais os dentes de leite.
A medida em que temos de comprar novos dentes para serem colocados na boca novamente.
A medida que  avançamos no tempo e que já tivemos vontade de mandar a merda tanta gente!
A medida de cada um, a minha medida a medida da gente.

3 comentários:

  1. Fico encantada com teus textos!!!É amigo, a medida de cada um!!!

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  2. Te puxou como sempre passarinho. A medida da gente!

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  3. Filosofaste,meu filho,bem medida filosofia. Oxalá,a minha medida do tempo ainda continue a caber em uma régua semelhante à que ilustra o teu belo texto. Tenho uma saudade danada da Fadinha dos Dentes.

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