Por Milton Ferretti Jung no dia 10/03/11
Por falar em naquele tempo, lembro-me que realizei com ela vários e longos passeios. Ir de bicicleta ao centro da cidade de Porto Alegre, que para quem ainda não sabe, é de onde posto meus textos, não representava perigo. Bastava a gente tomar, é claro, alguns cuidados. O espelho retrovisor, que não vinha com a bicicleta, talvez porque os suecos já então respeitavam este tipo de transporte, era indispensável. Os veículos motorizados estavam longe de ser ameaça para quem pilotava a prima pobre movida por pedais e que não poluía o meio ambiente.
Agora tudo mudou. O trânsito é pesado e a bicicleta é a menos respeitada das conduções sobre duas, quatro ou inúmeras rodas, como a do caminhão que provocou a morte de vinte e sete pessoas. Na época a que me refiro ninguém imaginaria que Porto Alegre desse mote para uma notícia que seria veiculadas no mundo inteiro. O leitor que ligou o meu assunto desta quinta-feira – bicicleta – já deve ter imaginado que lembrei o passado para chegar ao episódio ocorrido no dia 25 de fevereiro, no qual o motorista de um Golf atropelou pelas costas um grupo de ciclistas que participava de protesto contra a carência de ciclovias na capital gaúcha. A reivindicação é justíssima. A cidade se ressente da ausência de faixas pelas quais ciclistas possam se deslocar com segurança. Sei que em São Paulo as ciclovias também não preenchem as necessidades da cidade.
Fiquei, outro dia, apavorado quando descobri que o responsável por este blog – meu filho, por sinal – iria se deslocar, de bicicleta, de casa até a CBN, ida e volta. Felizmente, afora o cansaço natural, passou ileso pela rota que escolheu. Mas retorno ao acidente, que acredito ser inédito na batalha entre quem pedala bicicletas e dirige veículos motorizados. Sabe-se que os que protestavam não possuíam licença para obstruir o trânsito. A reação do motorista, todo o modo, foi completamente desproporcional. Se em algum momento ele teve razão, perdeu-a ao investir sobre os ciclistas. Os nossos colégios deveriam preocupar-se mais com a educação no trânsito. Esta é mais importante, porque custa vidas, que outras matérias que recebem mais cuidados dos educadores.
Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas escreve no Blog do meu irmão Mílton Jung
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