sábado, 3 de julho de 2010

E o Fernando Chorou


Não sou destes apaixonados por futebol, aliás, nunca fui.
E isso que sou filho de um dos locutores esportivos mais famosos do Brasil.
Não sei bem qual seria a explicação psicológica para isso se é que pra tudo possa ter uma explicação. Talvez apenas uma simples questão de afinidade.
Sempre me achei mais com as baquetas e os tambores da bateria.
Bom talvez porque eu tenho sido o filho caçula e antes de mim já tinha a minha irmã e o meu irmão do meio.
Este sim gosta, talvez por ter sido o primeiro filho homem tenha sido mais conduzido às vocações futebolísticas do que eu.
Ele sempre foi apaixonado, sofredor destes que de tão puto da cara com as derrotas, até de time queria trocar quando era criança.
Tentou uma vez, mas a retranca paterna foi violenta.
Deu certo para o meu pai meu irmão voltou atrás e hoje é responsável por um comentário em seu blog que se chama “Avalanche Tricolor”.
Preciso dizer o nosso time ou não?
E nesta pouca emoção fui me desenvolvendo.
Até mesmo na escola eu era o melhor amigo do professor aquele que enquanto a bola rolava no campo eu sempre tinha um assunto em paralelo pra conversar com ele.
Não me matava muito digamos assim.
Claro também era o último a ser escolhido para os times de futebol, estilo perna de pau. Nunca me importei com isso porque afinal nasci muito mais pra comentarista do que jogar.
Tem que ver como sou bom de observação!!!!rsrsrs
Do futebol mesmo ficavam os gritos da torcida que escuto até hoje do estádio Olímpico que é meu vizinho aqui de casa há 43 anos. Do tempo que as coisas não tinham culpa a diversão da minha turma de amigos era guardar carros nos dias de jogo pra comprar bolinhas de gudi.
Este sim era um campeonato que eu acompanhava de perto. E participava.
Um dia ao abordar um senhor sentado dentro do carro antes de ir ao jogo notei que ele era um colega do meu Pai.
Ele me perguntou: Teu Pai sabe que tu ta fazendo isso!
Fiquei pensando lá pelos meus 10 anos que merda estaria fazendo que meu Pai não gostasse.
Faltou psicologia ao cidadão. Tive de dizer:
Sim e minhas bolinhas de gudi como e que ficam?
Hoje nem que precisa-se conseguiria cuidar algum carro na minha rua.
É uma verdadeira guerra da vagabundagem.
Do tempo de guardador de carro só ficou a nostalgia.
Nem as bolinhas de gudi sobraram.
Voltando ao assunto futebolístico, acho mesmo que se fosse apaixonado pela arte seria daqueles de sofre muito.
Tenho esse nó na barriga em decisões.
As vezes prefiro até mesmo sair da frente da televisão para não ver o resultado do chute a gol.
E com toda essa conversa fiada chego ao ponto que eu queria.
Pois como Pai incentivador de todas as vontades do meu pequeno companheiro, tive a grata surpresa do meu "Ajudante Nota Dez", que para quem não acompanha o blog é o Fernando, gostar de bater uma “bolinha” de futebol.
Em sua escola existe um projeto que se chama “Rola Bola” que ele pediu para participar.
Projeto bacana que incentiva as boas notas e o espírito de grupo.
Começou no Judô mas senti que o coração do Fernando não é de um combatente solitário, gosta de esportes coletivos.
Dividir a batalha colabora para as alegrias e para as tristezas.
E ele com os seus 8 anos pegou essa Copa do Mundo com todos os direitos.
Apelos da mídia, grandes jogadores que nunca são os que o Brasil inteiro quer. Bandeiras, vuvuzelas, faixas.
Decoração da casa para incorporar este espírito de nacionalidade que toma conta do País.
É sim um clima otimista, agradável, todos contando com o dia do jogo que até mesmo para os menos aficcionados é sempre motivo para uma reunião, churrascada, cervejada enfim tudo que faça com que mudemos a nossa muitas vezes carregada rotina.
Confesso que sofro sim e me enche o saco estes que se dizem anti-seleção, anti-técnico, anti-jogadores.
Passam espiando os resultados, mas sempre com aquele ar de que o Brasil não é isso.
O Brasil é isso sim.
E isso é hoje muito mais símbolo de nacionalidade do que os desfiles militares.
E o nosso grito de liberdade. De igualdade social. Quando se briga com os outros times e não com os nossos.
Quando as torcidas se respeitam.
Talvez porque o futebol seja de todos, realmente de todos e não de alguns que detém o poder.
E com tudo isso, com esse espírito o meu Ajudante Nota Dez se contaminou, se envolveu.
Colou figurinhas no álbum assim como acho que todo o Brasil.
E com tudo isso, chorou.
Chorou bastante porque dentro do seu coraçãozinho cheio de boas intenções, dentro deste espírito nacional fracassamos.
Todo faceiro com a camisa do goleiro Júlio César que tinha dado pra ele pela manhã. Chorou.
Muito provavelmente como o próprio goleiro Júlio César que defendeu bravamente muitas bolas em gol. Chorou!
E assim mais uma lição fica pra essa cabecinha de capacidade incomensurável que se forma.
Perder e levantar a cabeça.
Chorar sim.
Sofrer por uma paixão faz parte.
Lidar com as regras do jogo e continuar com a camisa do Júlio César.
Levantar amanhã com mais uma lição de vida e com a expectativa de quando será o próximo jogo.
Por que afinal Fernando todo o dia “Rola a Bola”.

5 comentários:

  1. Hola Christian, llegaron las banderas y los calcos! Muchas gracias!! José

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  2. Fernando concordo contigo,o coração ficou apertado e deu vontade de chorar.A gente entra no jogo e chuta a bola em gol,mas nem sempre acerta.Afinal,sofrer faz parte do jogo.Fernando,levanta a cabeça,vai em frente e continua "rolando a bola" com os teus colegas.Adorei a foto!

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  3. Boa, Fernando! Tem que chorar mesmo, nem que seja de quatro em quatro anos. Faz bem pra cabeça e pro coração.
    Não desiste. Outros Dungas, Felipes Melo e Daniéis hão de aparecer nesse Brasil grandão. E, de novo, vamos todos chamar o técnico de burro e arrogante e os jogadores de pernas de pau.
    Escrevo no intervalo de Alemanha 1 x 0 Maradona. Ainda bem! Detestaria ver a Argentina na final e, quiçá, como campeã.
    Vamos lá! Ainda nos restam Uruguai, Paraguai e Alemanha, exatamente nesta ordem!
    Bola pra frente, Fernando!

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  4. Milton Ferretti Jungsábado, 03 julho, 2010

    Tal qual teu irmão costuma me fazer chorar com alguns dos seus textos,tu também me tiraste lágrimas dos olhos ao relatar a dor do Fernando pela nossa derrota. Sorte dele,porém,que ainda terá muitas Copas do Mundo pela frente. Talvez na próxima,se Mano Menezes for convidado para treinar a seleção brasileira e aceitar o cargo,Fernando vai chorar,mas de alegria.

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  5. Boa Christian!
    Fica triste não Fernando, isso faz parte da vida!
    Temos que aprender a viver com as conquistas e com o as derrotas senão não crescemos e nem evoluimos..
    A Holanda jogou melhor e por isso levou a vitória.
    Me lembro bem em 1982 na copa era a seleção canarinho mais também não conseguiu chegar a final e eu fiquei um pouco abalado eu tinha dez anos de idade.

    Então, bola pra frente que o jogo da vida continua...

    Henrique/FUSCA DO ROCK

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